Sela


Galeria 1

Vida
Vida

Tartaruga marinha
Tartaruga marinha

Octopus
Octopus

Surf
Surf

Salve Sangô!
Salve Sangô!

Pintura cooperativa
Pintura cooperativa

A serpente serve a taça
A serpente serve a taça

Mater's Iguazu
Mater's Iguazu

Mater's Acqua
Mater's Acqua

Mater's Até que um dia você não se ache mais importante
Mater's Até que um dia você não se ache mais importante

T pastel
T pastel

Carpas
Carpas

Piscis 13
Piscis 13

Bromélia Guzmania
Bromélia Guzmania

Bromélia Aechmea Fasciata
Bromélia Aechmea Fasciata

Bromélia Tillandsia
Bromélia Tillandsia

Primitivo
Primitivo

Mater Flechas 12
Mater Flechas 12

Mater Flechas 11
Mater Flechas 11

Mural Margen
Mural Margen

Mater's De leite e de mel II
Mater's De leite e de mel II

Mater's 7
Mater's 7

Mater's Sulphur S 16
Mater's Sulphur S 16

Mater's Diâmetro
Mater's Diâmetro

Mater's Chiao
Mater's Chiao

Mater's Shen
Mater's Shen

Mater's T
Mater's T

Mater 8
Mater 8

Mater 9
Mater 9

Mater 10
Mater 10

Abre o mundo 3
Abre o mundo 3

Sudários do Mangue A
Sudários do Mangue A

Abre o mundo 1D
Abre o mundo 1D

Mater's Chiao
Mater's Chiao

Flechas Ígneas - Placas
Flechas Ígneas - Placas

Pegada
Pegada

Do Minotauro até a Lei 9605

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O que chamamos de mitos, os antigos contavam nas noites de lua cheia, são histórias exemplares das manobras dos heróis e dos deuses para o modo de vida em sociedade. O mito é arte, uma obra aberta, um sistema vivo porque é atualizado cada vez que é contado é o sonho das sociedades, um instrumento sofisticado de ajuste psíquico. Os arquétipos que formam os mitos representam, em geral, a dinâmica da psique, ajustam o individuo consigo, com a sociedade e com o seu meio. O Minotauro é uma dessas histórias dos antigos, contadas infinitamente sem perder o valor. Vamos rever as imagens poéticas deste mito baseado no relato de Joseph Campbell e, depois, a nossa leitura.

Campbell nos conta que o rei Minos governava na prosperidade a Ilha de Creta, luxuoso centro comercial e artístico do mundo antigo, porém, por dedicar-se demasiado às guerras em defesa do território comercial, ficava muito afastado da rainha Pasífae, que veio a apaixonar-se ardentemente pelo touro mais belo da manada do palácio, -justamente o touro branco que Zeus enviou do mar atendendo às orações de Minos e que este deveria sacrificar como oferenda e prova de devoção a Ele; no entanto, o touro era tão magnífico que o rei decidiu ficar com ele e ofereceu outro animal em seu lugar-. E Pasífae teve um filho, nasceu uma criança com cabeça, chifres e cauda de touro, o Minotauro; logo o monstro torna-se perigoso. O rei ordena que Dédalo, o artista/artesão, construa um labirinto para encerrar a fera, que ali, será alimentada com jovens: tributos ofertados pelas nações conquistadas. Um dos jovens destinados a alimentar o monstro era o destemido Teseu que acaba matando o Minotauro, desfazendo assim, o ciclo de dor. A descendência de Minos já estava ligada a um touro; Sua mãe, Europa, foi seduzida e levada por um touro à Creta, esse touro era uma das manifestações de Zeus e dessa relação nasceu Minos que foi recebido com muita alegria por todos.

Na nossa leitura o monstro é eliminado por Teseu porque colocou o reino em perigo, era uma fera de instintos incontroláveis, o reino o temia e envergonhava-se dele - pois o mesmo era prova da desobediência e ganância de Minos, assim como, da infidelidade da rainha e porque consumia o vigor e a esperança representados pelos jovens, foi sacrificado para expurgar as falhas do governo. O Reino pode ser visto como a sociedade, ou uma instituição, um sistema, ou como o indivíduo na sua totalidade; a monstruosidade é o resultado do egoísmo exacerbado, dos baixos instintos.

Vemos as aparições do touro como uma espiral descendente sinalizando a degradação social e espiritual ao longo da História. A primeira vez surge como uma epifania de Zeus, desce à Terra com aparência de touro, seduz Europa e concebe a Minos, a presença divina na Terra. A segunda vez, surge como aliança entre deus e os homens, sinal de obediência do rei a deus, entretanto, foi degradado a objeto de posse do rei e de luxúria da rainha. A terceira aparição foi como Minotauro: a materialização da ganância, da devassidão, da vergonha, do medo, dos baixos instintos que, através do ego escravizam as sociedades, sacrificando a juventude e a beleza do espírito humano. O labirinto é um espaço de iniciação.

Em outra ilha distante no espaço, no tempo e na prosperidade nas artes o touro reaparece e é torturado até a morte para expurgar as condições de culpa, vergonha, baixos instintos as quais, os participantes do ritual de escárnio a que chamam farra, sentem-se incapazes de transcendê-las; Mas, esse ritual que impõe sofrimento ao touro, provavelmente leve apenas à fomentar ainda mais essas condições miseráveis.

Mesmo que aparentemente bem sucedido o reino estava condenado pelo monstro do ego, Minos deixou de ser e de fazer parte do todo, voltado apenas para o sucesso material, descuidou do âmbito interno- sua constante ausência do palácio teve conseqüências. O touro é uma encantadora e cobiçada manifestação de potência e beleza telúrica, uma figura majestosa que foi usada para expiar as culpas humanas. O monstro a ser sacrificado é o ego que está, sempre, em algum canto do labirinto da mente a espreitar.

Sela

Florianópolis Ilha de SC



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